quarta-feira, 29 de abril de 2015

Sonho.

Passam bem devagar
As horas supremas da agonia
Um sonho repetido sem parar
Carregado pela triste melodia.

É a noite que não deixa dormir
Um silêncio que nada promete
Desafinado do tolo discutir
Que só a mim entristece.

São os pássaros que asfixiam
Ou as conversas que não quero
São os tons que tanto riram
De um coração já desperto.

Nos teus lençóis desalinhados
Deixo a alma e o saber
Pouco, muito ou nada despertos
Mas sou quem mais não posso ser.

O sorriso que fugiu roubado
Guarda-lo tu nas mãos frias
Para soltar sem grande cuidado
Nas malhas das noites feridas.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Mim

Pensar para mim. Falar para mim.
Escrever para mim. Imaginar para mim.
Sonhar para mim. Desejar para mim.
Sofrer para mim. Rir para mim.
Cozinhar para mim. Ler para mim.
Beber para mim. Ser triste para mim.

sábado, 25 de abril de 2015

Dá-me

Dá-me um encanto só nosso que vou ao fundo de mim tirar tudo para ti.
Dá-me o meu sorriso, aquele que reservas só para mim, e encontro em mim força para ganhar vida, dia após dia.
Dá-me o teu olhar, aquele que só tu sabes fazer, e procuro em mim novos sonhos.
Dá-me aquelas palavras que de ti soam como nunca que tento em mim uma felicidade única.
Dá-me vida, que de vidas que tenho para partilhar escolho a melhor para ti.
Dá-te a mim. Que a ti já me dei.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Desresponsabilidade

Alma de político, de aligeirar o dia a dia sem as suas consequências e privações. Tudo está bem quando afinal não está. E debaixo do tapete escondem-se os problemas comuns a todos. Todos? Bom, todos não. Naturalmente quem os resolve em tempo útil vive mais descansado.

Não é a minha filosofia do deixa andar. Uma característica impressa em mim que resisto a encontrar antídoto. Até que a vergonha me assalta pelo tempo entretanto passado. E as mentiras entretanto criadas.

Em prejuízo de mais ninguém sem ser eu, continuo neste caminho solto, sem responsabilidade, a engrossar um bolo sem necessidade.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Soltar o lastro

Prometeu uma conversa dura. Fomos ao fundo de nós mesmos e saiu de lá o lastro que nos amarrava, de histórias não antes partilhadas ou então um dia mal lidas. Fechámos o rosto, preparados para a luta, e ganhámos coragem para as palavras que se seguiam.

Não precisámos de mais nada, somente nós e um mau feitio característico.

Entrámos guerreiros, saímos anjinhos, em nome do que não tem nome. Em nome de nós.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Espero

Espero. Como sempre. Sou insatisfeito da tua ausência e do silêncio. Pouco é nada e muito é normal. Quero mais. Quero sempre. Quero respirar-te e sentir em cada bafo a declaração ao mundo. Quero ousar saber-te feliz. Sem medo. Genuína. Minha.

Quero vencer-me de quem sou. Derrubar os castelos que construí. Os muros. Fossos. E armadilhas. Quero olhar nos meus olhos e não sentir mais do que eu.

Quero a vida que quero ter, o futuro que desejo. Quero atravessar a felicidade. E partilhá-la. Aqui. Ali. Sempre.

Ídolo com pés de barro

Não sou um exemplo nem um modelo para ninguém. Apesar dos meus melhores esforços, tive comportamentos em tempos idos que hoje dificilmente compreendo. Ou aceito.

É o mal de ter andado a correr atrás do tempo. O mal de terem faltado as forças quando devia e o mal de depois procurar no esforço o que havia imaginado. A ânsia de viver era tamanha que me coloquei à frente de tudo menos de mim, atropelando quando podia, quem podia, esquecendo no fundo que o maior rombo estava a fazer em mim. Mas isso só chegou mais tarde.

Tenho receio de vir a pensar novamente assim. Que uma vez mais me rombo enquanto tento atropelar quem me rodeia, nessa ânsia de viver.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Começo

Processo de intenções:

Começo este depois de ter fechado um que durou 2 anos. Foi uma aventura incrível, adorei em tantos momentos únicos. Mas a vida segue, num procurado contínuo de mudança. Minha, tua, todas elas.

Aqui não sei o que quero ser. Vamos ver aonde me leva.

É neste espírito que aqui me sento. Que aqui me exponho. Que aqui quero ser eu.

O que penso

Não sei o que penso. Ou melhor sei o que  não quero pensar. Mas não tenho em mim os pensamentos que quero. Que desejo. Não estão aqui à mão, se olhar em volta não os deteto e se tentar o amanhã sinto que não estão lá.

Sou um cobarde do dia a dia. Esperançoso. Optimista. Positivo. Ou falta de coragem para admitir o erro. Outro. Mais um.

Sou o produto de mim mesmo. De tantos e tantos anos de aventuras e experiências. De tantas e tantas vivências e momentos. Não me queixo. Sei quem sou e onde estou agora. Sei o que desejo. Sei o que sonho.

Então a falta que sinto. A dúvida que persiste. O sonho que o vento sopra para longe. O sorriso que se força a si mesmo. Que se impõe. Que caiu na rotina. Que cai inapelavelmente na sombra de um esquecimento que não tarda.

Sem

Sem assunto.
Sem vontade.
Sem interesse.

Sou um homem sem.
Só. Isso.