quinta-feira, 30 de julho de 2015

Dicionário: Folgas

Folgas: dias tresmalhados de anormalidades, de expectativas tremendas e com uma sensação aleatória de momentos e sensações. Segurança à porta da irrealidade, croupier da mesa das possibilidades e guardiã infalível de sonhos e desejos.

terça-feira, 28 de julho de 2015

As conversas dos outros

Esplanadas de dia, mesas de bar à noite. A vantagem de ter uns horários de hemisfério sul prende-se com a convivência necessária contigo mesmo. Sem mais ninguém. Sem outro par de olhos na mesa. Sobras tu, para te entreter, para te animar ou com quem conversar.

"Muito prazer, o meu nome é Francisco. Posso pagar-te um copo?" e tens o rumo do momento definido e a companhia perfeita. Mas ainda que estejas distraído contigo mesmo, sobra sempre espaço para ouvir as demais mesas. Que, azar dos destinos, recentemente mais não tem tocado que pessoas a viverem crises existenciais e com rosto carente de desabafo.

É uma aprendizagem, uma enciclopédia do século XX sobre pessoas e as vidas que as rodeiam. E os temas são transversais: nós, homens, somos o terror na Terra para as mulheres. Excepto quem está pacientemente a ouvir. Não há melhor prova de amizade ou tentação romântica do que colocar-se à disposição de ser o saco de boxe de um terceiro.

Mas na verdade, se todos nós dispuséssemos a passar por saco mais vezes, talvez houvesse bem menos motivos para o sermos de outra pessoa qualquer.

domingo, 26 de julho de 2015

Fins de semana de beira de estrada

Dias correm livremente, sob o signo do calendário. Uma torrente própria, sem dique ou travão. Até aqui, nada de novo nem está aberto a discussão uma evidência... evidente.

Não é segredo, fins de semana são de trabalho, de forma amiúde, mas ainda que sejam dias de "intenso" labor, não deixam de encerrar uma costela de lazer, de distração ou de folia. Há sempre uma expectativa diferente, de uma agenda mais intensa, que não assiste os dias de semana.

No entanto, sinto-os como um moço à beira da estrada. Que vê os automóveis passar sem parar, cada qual recheado de expectativas e sonhos. Mas que não abrandam nem param. Sei que devo abrir a loja. Limpá-la. Arranjá-la diariamente. E sento-me, na beira, a ver quem passa mas não entra. Quem olha mas não abranda. Quem só quer indicações e não agradece.

Fins de semana sem beira. No passeio.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Partilhas

Partilhei-te.

Um momento único até estes dias, de umas palavras que estavam custosas de arrancar e encontrar sentido.

Partilhei-te.

Não ia para a forca por o fazer mas a ousadia e o risco até a mim surpreenderam. Mas era um mundo fechado que merecia ver alguma luz.

Partilhei-te.

E foste apreciado. Elogiado. E o ego ganhou as cores de um girassol ao sol. E são os dias de regresso de férias pintados de sons adolescentes.