segunda-feira, 31 de agosto de 2015

domingo, 30 de agosto de 2015

Páginas em branco

Acordo com a página em branco. Já não entram as linhas que tão cuidadosamente teceste e entrelaçaste num delicioso acorde de silêncio. Sei que, ao abrir dos olhos, não cuido procurar o sossego nem cuido suspirar de uma ausência despreocupada. Sei que estarei livre de sobressaltos das expectativas furadas e jamais cumpridas.

Acordo com a página em branco. Não estarás para escrever as linhas que te habituaste, repletas de um desinteresse latente. Tirei-te a caneta da mão, afastei o lápis, rasguei a cor.

Acordo com a página em branco e serei eu a cuidar colocar, como me apraz a consciência, as linhas que me cosem.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Escolher

Sou livre de palavras. Elas saltam pela sua ordem, na mesma medida e intensidade que chegam à cabeça. Mesmo que não de forma harmoniosa. Até mesmo por vezes não de forma coerente ou a obedecer à melodia que toca no pensamento. É uma escolha, como tantas que faço no dia a dia.

Da mesma forma que escolho as palavras, escolho por quem ou para quem as quero dedicar neste pensamento de incoerência ferido. Escolho porque quero. Porque me deixam. Ser ou não a escolha é uma consequência, tão aceitável quanto a água nos mares e as areias do deserto.

Continuarei a escolher, tal como as palavras escolherão a sua ordem, errantes no seu desejo e livre arbítrio. Se for escolhido, muito bem. As palavras continuarão a jorrar na mesma melodia. Desde que não parem nem sosseguem. Pois sem elas nada nos resta nem une. E a música cai.